domingo, 13 de junho de 2010

em memória sua

É uma consequência de viver, de envelhecer, de ter filhos, netos, até bisnetos.

Fiquei muito tempo a reflectir sobre aquele momento.

Tudo acabara pra ele. Nunca mais poderá ver o azul do céu que eu apreciava naquele instante. Não poderá voltar para agradecer pelo que foi feito a ele, baixar a guarda e dizer que lá era um lugar bom de se viver, muito menos para reestabelecer e tornar maior seus vínculos familiares.

As flores de plástico realmente não morrem e agora sua residência está coberta delas, de todos os tipos, por todos os lados.

Frente a esse lugar sinistro, me vem várias coisas na cabeça. Muitos coisas ruins, que me dão medo, aflição em pensar que ali, sob a terra, vivem muitos indivíduos, ou, morrem.
Mas também, a vontade de agradecer por ter uma saúde plena, conviver com gente que eu amo, ser feliz, por poder viver.

Em determinadas situações, o vazio de perder um companheiro, persiste.
Afinal, pessoas são insubstituíveis, cada um com suas manias, defeitos e qualidades, todas singulares.
Ele estava sendo corroído por dentro, não deve ser fácil, depois de seis décadas juntos, um partir. A solidão bate e o sentimento que fica é insuportável.
Alguém que lhe dera tudo que pode, amor, carinho, compressão, a chance de ser lembrado, deixar herdeiros, simplesmente desapareceu? Virou nada?
Tenho certeza de que ele queria isso e deve estar mais feliz, aonde quer que esteja, ao lado de sua amada.
Descanse em paz.

Por: Martina Kny

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